Você já olhou para o seu cachorro e notou uma bolinha vermelha, aparecendo no cantinho do olho dele? Se sim, pode ser que você esteja diante da Síndrome do Olho de Cereja, conhecida tecnicamente como prolapso da glândula da terceira pálpebra, é uma condição ocular relativamente comum em cães (e mais raramente em gatos), caracterizada por uma protuberância avermelhada e arredondada no canto interno do olho.
Afinal, o que é a terceira pálpebra?
Sim, os cães (e os gatos também!) têm uma terceira pálpebra. Ela fica escondida no canto interno dos olhos e ajuda a proteger e lubrificar o globo ocular. Essa estrutura também abriga uma glândula que produz uma parte importante das lágrimas que mantêm os olhos saudáveis.
Em situações normais, essa glândula não é visível, mas em casos de enfraquecimento dos tecidos de sustentação ou por predisposição genética, ela pode se deslocar de sua posição original e aparecer externamente — e é aí que aparece o Olho de Cereja.
Além da aparência estranha, ela pode incomodar o animal, provocar coceira, irritação e até secreção.
Por que isso acontece?
Existem alguns motivos que podem causar esse problema:
- Genética: Algumas raças são mais propensas, como Cocker Spaniel, Beagle, Bulldog, Shih Tzu, Lhasa Apso, Boxer e Pug
- Fraqueza nos tecidos que seguram a glândula no lugar
- Inflamações ou infecções oculares
- Idade: É mais comum em cães jovens, geralmente antes dos dois anos
Sinais de que algo não está certo
Além da bolinha vermelha no olho, que é o sinal mais claro, o pet pode apresentar:
- Lacrimejamento excessivo
- Irritação ou coceira (o pet pode esfregar o rosto com as patas ou em objetos)
- Sensibilidade à luz
- Secreção ou muco nos olhos
Se notar qualquer um desses sinais, nada de esperar para ver se melhora. Leve seu pet ao veterinário oftalmologista o quanto antes.
Ao perceber o problema, o que fazer?
A primeira coisa é: não tente resolver em casa. Nada de colírio por conta própria, compressa, ou tentar empurrar a glândula para dentro. — isso pode agravar o problema e machucar o olho do seu pet.
Procure um veterinário especializado em oftalmologia. O diagnóstico geralmente é feito com um exame clínico simples, sem necessidade de exames invasivos. Após a avaliação, o profissional indicará o melhor tratamento para o caso.
O tratamento geralmente é cirúrgico
Na maioria das vezes, é necessário fazer uma pequena cirurgia para reposicionar a glândula no lugar certo, sem removê-la. Isso é fundamental para preservar sua função e evitar complicações a longo prazo.
A remoção da glândula só é considerada em último caso, quando não há sucesso na correção. Essa opção é evitada ao máximo, pois pode causar olho seco crônico (ceratoconjuntivite seca), uma condição dolorosa e difícil de tratar.
E depois da cirurgia, como cuidar?
A recuperação normalmente é tranquila, mas exige alguns cuidados:
- Uso obrigatório do “colar protetor” (colar elizabetano) para evitar que o pet coce os olhos
- Aplicação correta dos colírios e medicamentos prescritos
- Evitar banhos, passeios ou brincadeiras que possam causar trauma ocular
- Acompanhamento com o veterinário para garantir que está tudo indo bem
Em alguns casos, pode haver recidiva do prolapso, exigindo nova intervenção.
Se não tratar, o problema pode piorar
Deixar o olho de cereja sem tratamento pode causar complicações mais sérias, como:
- Infecções oculares frequentes
- Ulcerações na córnea
- Olho seco crônico
- Desconforto constante
- Perda de visão em casos mais severos ou negligenciados
Tem como prevenir?
Não há uma fórmula mágica para evitar o olho de cereja, especialmente em raças predispostas. Mas você pode:
- Evitar traumas oculares durante brincadeiras ou passeios
- Realizar exames oftalmológicos regulares, principalmente em raças com predisposição
- Buscar ajuda veterinária imediata ao notar alterações nos olhos
- Evitar cruzamentos entre animais da mesma linhagem, se você for criador.
Olho de cereja não é frescura!
Apesar do nome simpático, a Síndrome do Olho de Cereja é um problema que precisa de atenção. Quanto mais cedo for identificado e tratado, melhor para o bem-estar do seu amigo peludo. O mais importante é não ignorar os sinais e não tentar resolver o problema em casa sem orientação veterinária.
Estar atento aos sinais e procurar ajuda especializada são as melhores formas de garantir que seu companheiro continue enxergando o mundo com alegria (e enxergando onde você esconde os petiscos!).
Para emergências ou dúvidas entre em contato com nossos especialistas da Olho Clínico oftalmologia veterinária, temos uma unidade em São José dos Campos e em Taubaté. Estamos à disposição para cuidar do olhar do seu amigo peludo com dedicação e carinho!